Quando desistir de um tratamento para seu pet? Quando a dor chega a um limite que nos permite pensar em eutanásia para eles? Vou contar pra vocês minha história com meus cães especiais e minha experiência no site MeuPetEspecial.

Meu nome é Luana. Sou administradora do site www.meupetespecial.com.br que fornece informações e troca de experiências para tutores de animais com necessidades especiais (ou os “normais” também!). A ideia do site surgiu exatamente pela minha experiência difícil no diagnóstico do Petit, meu cachorro paraplégico por hérnia.

Na época sofri de muita desinformação. Não sabia que um cão poderia ser paraplégico e viver bem assim. Quando me deram o diagnóstico, não me falaram sobre isso, apenas me sugeriram eutanásia dizendo que ele iria sofrer para sempre. E se eu tivesse acreditado nisso?

O que me fez não acreditar nisso? Não sei. Definitivamente não sei. Porque NINGUÉM me falou o aposto. E não havia informação na internet na época – até porque internet não era tão popular. Exatamente por esse conflito interno que passei, e ao longo da minha história com Petit, vi outras pessoas próximas a mim passarem pela mesma situação e, aí, decidi fazer o site.

Mas vamos do início… Petit foi um cachorro comprado por fontes duvidosas na rua – hoje sei que isso é completamente errado! Era para dar vida a casa recém-comprada do meu noivo da época. Passamos bons anos juntos. Um cachorro normal: feliz, alegre, adorava caçar pombos, comer manga que caia no quintal, correr pelo quintal atrás da bola… Coisas de um cachorro saudável e dito normal.

Mas me separei. Na separação, ele ficou com tudo, incluindo os cachorros. Não pude nem mesmo visitá-los. Anos passaram. Um dia alguém que não conhecia na época me ligou dizendo que Petit tinha ficado doente e que meu ex ia fazer a eutanásia sem me consultar. Larguei tudo, fui na mesa do veterinário, catei Petit e levei comigo.

Petit tinha parado de andar do dia para a noite. O “dono” dele, meu ex, resolveu sacrificá-lo simplesmente porque não tinha tempo para cuidar dele doente. Desculpinha típica, né?

Fui a 3 veterinários. Os 3 falaram que Petit ficou paralítico, que era irreversível, e que ele sofreria a vida toda, que melhor seria sacrificá-lo. No quarto veterinário, um especialista, examinou direito Petit. O diagnóstico foi o hérnia lombar sem opção cirúrgica e irreversível paraplegia. Meu mundo desabou. Petit para sempre paraplégico? Um cachorro tão ativo, cheio de dor, paraplégico?

O que me fez não sacrificá-lo? Não sei. Tentei o tratamento. E deu certo. Petit parou de sentir dor. Com fisioterapia voltou a andar. Mas logo teve outra crise e ficou paraplégico novamente. Era motivo para desistir dele? Petit vive há 7 anos paraplégico, muito feliz e sem dor.

Hoje Petit tem 11 anos. É cardiopata devido à idade – 80% dos cães maiores de 7 anos tem cardiopatia (muitos não diagnosticados). Petit viveu muito bem esses anos, vendendo saúde e felicidade, mesmo paraplégico. Até quando a cardiopatia permitirá isso? Não sei. Sigamos juntos.

Mas não eram dois cachorros especiais? O título da matéria diz isso. Agora entra o outro, ou melhor, a outra: Vida. Há um ano atrás, eu estava na estrada voltando de uma cidade vizinha a noite. Do nada, carros na minha frente pararam. Fui ver o que era e vi uma cadela se arrastando, saindo da frente de um carro. Ela tinha acabado de ser atropelada. Todos os carros foram embora. Eu fiquei. Saí do carro e ela veio se arrastando na minha direção, se enroscando nas minhas pernas. Como deixá-la ali? Resgatei.

Ela estava muito doente, muito anêmica, com a bacia e coluna quebradas. Paralítica por erro médico. Epiléptica também por negligência médica, por ser uma cadela de rua. Com a ajuda de muitos, pagamos quase 10 mil reais de conta no hospital veterinário. Demos o nome dela de Vida, por toda a luta pela vida que ela teve. Mas ninguém quis adotá-la. O que fazer????? Eu não poderia ficar com mais um cachorro paraplégico. Minha vida já era uma loucura com um! Mas o que fazer? Abandoná-la? Acabei dando lar temporário… virou permanente.

Não digo que é fácil (muito menos barata!) a minha vida com os dois. Não é. Mas é recompensadora. Eles me agradecem todos os dias por todos os sacrifícios que faço por eles. Já deixei oferta de emprego fora do país por eles. Hoje, desempregada, metade dos meus gastos é com eles. Mas olhem como são felizes, mesmo nas condições deles.

Eles são meus amores. Por mais que seja difícil, não me arrependo de nada. Não me arrependo de ter tirado Petit da mesa da eutanásia. Não me arrependo de ter tirado Vida daquela estrada. Ninguém precisa fazer a loucura que eu fiz de ser sozinha e ter dois cachorros paraplégicos, sendo um também cardiopata e outra também epiléptica. Mas aceitar nossos pets “imperfeitos” é aceitar que não existe perfeição. Nós não somos perfeitos. Minha tia, por exemplo, é diabética. Ninguém falou em fazer eutanásia quando veio o diagnóstico. Por que fazem isso com animais quando são diagnosticados com alguma doença ou condição crônica?

Aceitar a imperfeição do outro é aceitar as nossas imperfeições também!

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